Nada me acalenta mais a alma que o sorriso de uma criança, sou uma apaixonada por crianças.
Quando vejo uma criança, o meu primeiro instinto é sorrir-lhe, para que elas sorriam de volta... dou por mim, instintivamente, a colocar-me ao nível delas, nem que para isso tenha de sentar-me no chão e quiça deitar-me ... gosto da alegria delas, da paz, da curiosidade que sentem pelas coisas... resumindo gosto muito das crianças.
E como é natural, sou apaixonada pelos sobrinhos que tenho e pelos milhentos afilhados que uns pais malucos me deram hahahha. Mas porquê que escrevo sobre isso? Ok, gostas de crianças, e?
Esta vontade de falar de crianças se deveu a uma foto que vi, e que acabou como foto do meu ecrã, da minha sobrinha #JJacaré (prefiro não escrever o nome dela, logo fica como é tratada em casa), em que a mesma está com um sorriso, que naturalmente me fez sorrir, me fez acreditar e até ter esperança. Esperança que ainda há esperança - sendo bastante redundante - esperança num mundo cada vez mais violento, mais sofrido.
E claro que isso me levou a pensar nas crianças do meu país e de outros países, em que as crianças são obrigadas a deixar de ser crianças demasiado cedo.
Todos os dias quer seja a caminho do trabalho ou a caminho de casa se não me abstrair da realidade, como muitas vezes acabo por fazer, o que vejo não há como não me deixar triste. Vejo crianças a deambularem pelas ruas, a pedir nos semáforos, outras sentadas no chão ou porque têm fome ou porque se cansaram de pedinchar por uns míseros tostões... Umas a vasculharem nos lixos a procura de comida. Confesso que também temos as que caminham com as suas batas brancas a caminho para a escola/casa.
As que estão paradas nos somáforos, muitas são enviadas pelos familiares para ali ficarem, logo exploradas a vista de todas. Outras a sua casa é a rua, logo se calhar ali é o quarto delas. Resumindo é um cenário triste de se ver. Confesso que no início olhava para aquelas caras todos os dias e magoava-me o coração, sentia um aperto como não só. Mas quando a dor é uma realidade aprendemos a conviver com ela, e hj confesso que muitas vezes me abstraio no meu mundo e não "vejo".
Tenho uma imagem guardada na minha mente a já um ano e cada vez que ela vem a minha mente não há como sorrir. É a imagem de um menino agarrado ao seu irmão mais novo, a dormirem no chão do passeio que separava as vias de uma avenida super movimentada. Se fosse num outro contexto, seria uma imagem bastante ternurenta com bastantes "likes" nas redes sociais, acredito. Mas naquele contexto, uma imagem bastante cortante. ...
Uns dias mais tarde voltei a vê-los no mesmo sítio, desta acordados, sempre com o irmão mais velho - que provavelmente não teria mais de 7 anos a cuidar de um irmão que devia ter 1 ano e meio - a proteger o mais novo, agarrando-o para que ele nas suas brincadeiras, não fosse parar a estrada. Mas neste dia eles sorriam, estavam a ser crianças, apesar de na realidade lhes estava a ser roubada esta possibilidade.
O que quero com estes dois exemplos mostrar é que uma criança será sempre uma criança, por mais adversa que a sua situação seja. Irá brincar, irá sorrir, irá ter curiosidade... Mas, a liberdade de realmente ser criança, de se sentir segura, de poder brincar sem fome, sem medo das guerras, do "bicho papão" só depende de nós, adultos, que temos a responsabilidade de cuidar, amar e garantir um mundo melhor para esses seres tão especiais que um dia serão o futuro das nossas sociedades.
Como educamos, como cuidados, como amamos uma criança hoje vai se reflectir no seu amanhã... logo hoje somos responsáveis por garantir um amanhã melhor.
Assim como amo ver uma criança sorrir, odeio ver uma criança a sofrer ... nestas situações dava tudo para ser uma "supermulher" e garantir o seu bem estar ...o bem estar de todas as crianças do meu país, para que elas possam ser o que são: crianças!
Quando estiver com uma criança, seja criança. Se tiver uma (ou várias), ame-as, cuide-as, eduque-as para que sejam seres humanos bondosos e amáveis, preocupados com o próximo. Mas não cinja a sua atuação as que conhece. Apoie grupos de solidariedade, apadrinhe uma criança, garanta o futuro de uma... faça algo. Pode parecer pouco, mas lembre-se que estará a mudar o futuro de alguém.
Seja criança...!