sábado, 6 de junho de 2015

Página de um livro inacabado

Há muitos anos atrás, mais propriamente sete atrás peguei no meu computador e comecei a escrever, o que na altura disse que seria o meu livro.

Não passou de uma página ...uma história incompleta como muitas que já vivi e vou vivendo, mas uma história que ao relê-la hoje me fez recordar de uma época que acreditava ...

A vida é feita de ensinamentos e momentos, e pelos visto aquele não era o momento de escrever o meu livro... mas hoje tenho este bl
og onde vou escrevendo um pouco sobre a confusão da minha mente, dos meus interesses, das minhas inquietudes, dos meus amores e desamores .

Abaixo a página do meu ex-futuro livro... 


Entrei no TGV no último minuto, decididamente este é um daqueles dias que só me apetecia ficar em casa. Mas mais uma vez lá vou eu para Londres para a minha formação em artes cénicas. Todas as terças e quintas atravesso o Canal da Mancha e todas as Terças e quintas agradeço pela existência do TGV, já que a viagem entre estes dois países ficou reduzida a 2 horas e 35 minutos. Uma maravilha. Mas hoje, apesar de agradecer o TGV não estava nos meus melhores dias, só pensava em voltar para a minha casa.

Facilmente encontrei o meu lugar e pude reparar que a meu lado estava sentado um senhor que aparentava ter uns 70 anos, com um ar meigo. Pelo menos sei que terei uma viagem tranquila, pois hoje como não tenho o meu ipod para me alienar do mundo tenho de me contentar com os meus pensamentos.

Penso na minha vida, no rumo que ela toma, nos meus objectivos, nas metas que abandonei a meio do caminho, as que resgatei sem nunca ter entendido porque as abandonei, enfim, penso na minha vida.
Já estávamos a caminhar a pelo menos 35 minutos quando senti a voz do Senhor a meu lado:

- Vai me desculpar, isso nem parecer meu – o que se passa comigo, pensou. Não era de falar com estranhos, então porque falar com essa jovem menina sentada a meu lado? Porque sinto que ela precisa de mim, disse para si mesmo. – Quero que saiba que não a pretendo incomodar e caso esteja a ser inconveniente diga-me, mas a menina tem um ar muito triste, como se o mundo fosse desabar sobre a sua cabeça. Tem uns olhos muito bonitos, mas a tristeza enevoa a beleza deles, o que é um sacrilégio.

A afirmação do meu vizinho de viagem surpreendeu-me, nota-se assim tanto a minha tristeza? O que se passa comigo que já não consigo sorrir só por sorrir? Decidi responder ao senhor, não sei porquê mas algo em mim dizia que precisava de o ouvir:

– Obrigado pelo seu elogio, mas acho-os bonitos mas nada de transcendente. – os meus olhos são o que mais gosto em todo o meu corpo, mas sei que não são a oitava maravilha da humanidade.

- são mais bonitos do que você pensa – disse ele. - São o espelho da sua alma, um reflexo da sua personalidade forte mas frágil ao mesmo tempo, isso se não estou em erro. – Olhava para esta jovem mulher e não entendia a razão de tanta tristeza no olhar, tão jovem com tanto para dominar e já tão triste.

- Mais uma vez agradeço. E quanto a minha personalidade acho que cada um de nós tem uma personalidade forte e frágil, o segredo está em encontrar o equilíbrio entre as mesmas. – Quem é este homem que me faz falar assim? – Mas diga-me, porque diz que tenho um olhar triste?

- Diga-me antes você porquê que está triste. – o que é que este homem quer comigo? Porque que diz que estou triste.

- Realmente hoje estou naqueles dias em que dizermos que não deveríamos ter saído de casa, mas tirando isso está tudo bem. Já agora, Melanie.

- Nicolas, prazer Melanie. A sua tristeza não é de hoje, é já de alguns dias.

Até a próxima...

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