A viagem para Mbanza Kongo não poderia ter começado melhor, do que a visita as grutas. Para mim, já tinha valido a pena.
Foi com pena que saímos das grutas, mas o nosso destino afinal era a antiga capital do Reino do Kongo... já deram conta que estou a escrever Kongo com K e não C? Não se questionam? Se sim... já vão entender, porque neste post vou partilhar um pouco da história que aprendi nesta viagem, e isto sim, foi o pico da viagem...
Vou começar por explicar o significado de Mbanza, uma palavra em Kikongo, uma das línguas originais de Angola e significa Cidade, então Mbanza dya Kongo significa Cidade do Kongo, e esta foi, enquanto durou o Reino do Kongo, a sua capital.
Diz a história que o Reino do Kongo terá surgido por volta do ano 1390, sendo o maior reino em África e o seu território ocupava grande parte do que hoje é Angola e se estendia até ao Sul do Gabão, ocupando a totalidade da Republica do Congo Democrático e da República do Congo. Olhando para o mapa de África irão entenderem a dimensão.
A questão que me coloquei quando recebia as explicações é como um reino tão grande se mantinha unido? Como é que o rei conseguia controlar este reino? E aí tive mais uma resposta surpreendente.
Primeiro o Rei tinha governantes espalhados por todo o reino, e estes eram os responsáveis por garantir a estabilidade e o cumprimento das orientações reais. De tempos em tempos e sempre que necessário os Governantes se reuniam em Mbanza dya Kongo para receberem orientações ou mesmo transmitir alguma preocupação ao Rei.
Quando fosse uma reunião convocada pelo Rei os Governantes eram chamados - Como???? - Pelo toque de Gongos, sim, gongos que eram tocados pelos mensageiros do rei e a medida que se ia ouvindo o toque ia se replicando a mensagem para as aldeias mais próximas, até que todo o reino recebesse a mensagem. Abaixo uma imagem de um Gongo.
Primeiro o Rei tinha governantes espalhados por todo o reino, e estes eram os responsáveis por garantir a estabilidade e o cumprimento das orientações reais. De tempos em tempos e sempre que necessário os Governantes se reuniam em Mbanza dya Kongo para receberem orientações ou mesmo transmitir alguma preocupação ao Rei.
Quando fosse uma reunião convocada pelo Rei os Governantes eram chamados - Como???? - Pelo toque de Gongos, sim, gongos que eram tocados pelos mensageiros do rei e a medida que se ia ouvindo o toque ia se replicando a mensagem para as aldeias mais próximas, até que todo o reino recebesse a mensagem. Abaixo uma imagem de um Gongo.
Os Governantes levavam meses a chegar - já que se deslocavam muitas das vezes a pé - até a capital do Reino, mas todos iam, pois fazia parte das suas obrigações.
Outro facto surpreendente para mim relacionada com a organização do Reino é que o mesmo, comparando aos actuais sistemas políticos - era uma espécie de democracia, sim um reino democrático. Primeiro os Governantes eram eleitos e empossados pelo Rei e segundo e ainda mais surpreendente, o reinado não era de sucessão. Hã???????????????????? Como???????????
Sim, inicialmente a sucessão no reino do Kongo não era feita por sucessão familiar. O que acontecia é que cada clã - de onde saiam os governantes - votavam na posição do Rei, logo durante muito tempo não era a mesma família a ocupar a posição de Rei. E isto só mudou com a chegada dos Portugueses.
Com a chegada dos Portugueses a Mbanza Kongo , os mesmos ofereceram bens ao Rei e aos seus habitantes / governadores. Ao verificarem a estrutura democrática e de forma a conseguir "reinar" começaram a instalar a discórdia quanto ao sistema político vigente e passando a ideia que o mais correcto seria que os sucessores do rei deveriam vir da mesma família, logo a família com mais poder no Reino. Pode-se dizer que com isto começou o fim do grande Reino do Kongo. Já que, o sistema democrático foi aniquilado e começou a luta de poder, as mortes dos Reis - acredita-se por envenenamento, as traições e tudo o mais.
Para além de ser uma Sé Catedral, o Kulumbimbi era usado como cemitério real, tendo sido encontradas ossadas no seu terreno, para além do cemitério dos Reis do Kongo estar mesmo ao lado.
Uma história engraçada associada ao Kulumbimbi é que reza a história que o mesmo foi construído numa noite para o dia e outros dizem que foi de um dia para noite - para me fazer entender, que a construção da igreja foi feita em 1 dia ou 1 noite, pelo que os nativos acreditavam ser um local mágico.
Na realidade o que se acredita é que como a zona era pouco frequentada pela população, por se tratar da área central da cidade, logo perto da casa do Rei do Kongo, e por esta razão a grande maioria da população não acompanhou a construção da Igreja, tendo corrido o mito que a mesma foi construída de um dia para o outro.
O resto da visita foi a volta da cidade e infelizmente não tenho as fotos aqui, mas abaixo deixo imagens do nascer do sol - sim Nascer do Sol - porque nos levantamos as 5h45m para poder observar esta maravilha da natureza, sobre o vale por detrás do hotel em que estamos.
Vale a pena visitar Mbanza dya Kongo. Foi extraordinário, magnífico e nunca pensei que fosse me divertir tanto.
Fomos uns Ntotilas (Rei) da aventura, e que aventura....
Até a próxima ...
Outro facto surpreendente para mim relacionada com a organização do Reino é que o mesmo, comparando aos actuais sistemas políticos - era uma espécie de democracia, sim um reino democrático. Primeiro os Governantes eram eleitos e empossados pelo Rei e segundo e ainda mais surpreendente, o reinado não era de sucessão. Hã???????????????????? Como???????????
Sim, inicialmente a sucessão no reino do Kongo não era feita por sucessão familiar. O que acontecia é que cada clã - de onde saiam os governantes - votavam na posição do Rei, logo durante muito tempo não era a mesma família a ocupar a posição de Rei. E isto só mudou com a chegada dos Portugueses.
Com a chegada dos Portugueses a Mbanza Kongo , os mesmos ofereceram bens ao Rei e aos seus habitantes / governadores. Ao verificarem a estrutura democrática e de forma a conseguir "reinar" começaram a instalar a discórdia quanto ao sistema político vigente e passando a ideia que o mais correcto seria que os sucessores do rei deveriam vir da mesma família, logo a família com mais poder no Reino. Pode-se dizer que com isto começou o fim do grande Reino do Kongo. Já que, o sistema democrático foi aniquilado e começou a luta de poder, as mortes dos Reis - acredita-se por envenenamento, as traições e tudo o mais.
Também devido ao facto do reino do Kongo se tornar num reinado vassalo do Reino de Portugal, os Reis que se converteram ao Cristianismo deixaram de usar de usar os nomes tradicionais e passaram a adoptar nomes portugueses. Por exemplo o último Rei que se tem conhecimento foi o Rei Pedro Constantino que se acredita ter reinado por volta do ano 1710 em diante.
Apesar de não ter muita informação a página do Wikipédia tem algumas informações sobre os Reis do Reino do Kongo. E neste site que encontrei fala mais um pouco sobre a história e alguns mitos que não falo aqui porque seria extremamente longo.
E descobrir que Luanda, nome da minha província e capital de Angola, é uma palavra Kikongo e que significa bater? Sim, Luanda significa bater. Porque ficou com este nome? Na realidade a actual Ilha de Luanda era a ilha privada do rei e de onde se tirava a moeda da altura - o ZIMBO. Por ser privada, só as pessoas autorizadas podiam entrar nela, lógico. Então, sempre que se apanhasse um intruso na ilha era questionado ao rei se se devia matar o mesmo ou que castigo a aplicar.
Na sua maioria das vezes o rei mandava "Luanda" nos intrusos, isto é, batê-los e soltá-los. Lembro-me que quando ouvimos isto no gozo dissemos que está explicado a atmosfera agressiva da população de Luanda, já que o próprio nome da cidade significa uma agressão física - bater.
Aconselho todos a pesquisarem mais sobre este reino porque vale a pena.
Depois de sairmos do Museu fomos para o magnifico Kulumbimbi - tão somente a Primeira Sé Catedral em África a Sul do Equador. O que resta hoje são ruínas, mas não se deixa de notar a imponência do Local e de imaginar a beleza do mesmo.
Uma história engraçada associada ao Kulumbimbi é que reza a história que o mesmo foi construído numa noite para o dia e outros dizem que foi de um dia para noite - para me fazer entender, que a construção da igreja foi feita em 1 dia ou 1 noite, pelo que os nativos acreditavam ser um local mágico.
Na realidade o que se acredita é que como a zona era pouco frequentada pela população, por se tratar da área central da cidade, logo perto da casa do Rei do Kongo, e por esta razão a grande maioria da população não acompanhou a construção da Igreja, tendo corrido o mito que a mesma foi construída de um dia para o outro.
O resto da visita foi a volta da cidade e infelizmente não tenho as fotos aqui, mas abaixo deixo imagens do nascer do sol - sim Nascer do Sol - porque nos levantamos as 5h45m para poder observar esta maravilha da natureza, sobre o vale por detrás do hotel em que estamos.
Vale a pena visitar Mbanza dya Kongo. Foi extraordinário, magnífico e nunca pensei que fosse me divertir tanto.
Fomos uns Ntotilas (Rei) da aventura, e que aventura....
Até a próxima ...
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