terça-feira, 8 de abril de 2014

Onde Para a Polícia - Parte II ( A Polícia e a burocrácia para tratar os Documentos)



Continuando o relato da minha mais recente aventura ... Onde para a Polícia parte II.

Como vos disse no Post anterior, lá me dirigi a Esquadra aqui na bela cidade de Luanda para solicitar a declaração de extravio de documentos.

Para tal, entro na Secretária e encontro a funcionária sentada no seu PC, acredito que a dar seguimento as suas tarefas, contudo no balcão que a separa do público e estrategicamente bem colocado encontro uma TV de 15 polegadas aproximadamente, num canal qualquer de novelas.

Sim, eu disse TV no canal de novelas! 



Comprimento a funcionária, pois fui educada desta forma - e agradeço aos meus pais por essa educação. Qual é o meu espanto quando a mesma murmura qualquer coisa e continua virada para o PC. Volto a falar com a mesma, e finalmente a funcionária decide levantar a cabeça, mas ..... decidiu olhar para a novela!

Incrédula e já com vontade de a chamar a atenção fui interrompida pela minha mãe, que acredito que deve ter reparado no meu semblante e postura corporal. Ainda bem que a minha mãe lá estava, porque ... ahhaha ... não seria interessante o que diria e acredito que só em 2015 teria acesso a dita declaração. - Se tivesse o meu telefone teria tirado uma foto, mas como o amigo do alheio fez-me a visita, estava impossibilitada de tal. Porque só vendo...

Após a intervenção da minha mãe, voltei a reformular e a mesma informou-me (isso as 10 horas) que o Chefe não estava, logo tinha de deixar as cópias dos documentos e voltar as 13 horas. Com lágrimas nos olhos e sabendo que aquele dia estava praticamente perdido, supliquei que as 13 horas o documento estivesse pronto. Resignada fui-me embora!

As 13 horas em ponto estava de volta... ansiosa. Na sala de espera da dita esquadra conseguia ouvir os barulhos de pratos, talheres, panelas, gargalhadas. Afinal era hora do almoço! O desespero voltou a apoderar-se de mim.

Não havia ninguém ali a atender, passavam e repassavam funcionários, vou tentar acreditar nisso, de chinelas, mal apresentados. Os polícias completamente mal amanhados, a terem conversas privadas a frente de tudo e todos ... enfim, um caos, uma desordem que mais parecia o recreio. Um total desrespeito pela instituição!!!

Finalmente vejo uma cara conhecida... a funcionária da secretaria, que passa por mim também de chinelos. Quando falo de chinelos é deste género e bem sujinhas/velhinhas.


A mesma passa e repassa até que decidi chamar-me e informa que terá de refazer a minha declaração, pois a colega esqueceu-se de inserir a patente do dito chefe. Manda-me aguardar. Nisso já são 13h30. 

As 13h45 volta, ufaaa mais cedo do que esperava e entrega-me a declaração. Claro que tinha erros nos dados. O meu nome estava incompleto e o do meu pai com informação a mais. Apeteceu-me chorar! Avisei a mesma e a resposta foi: « não faz mal, quando fores tratar do novo documento eles vão copiar das cópias dos documentos e não da declaração». Então porquê que preciso eu desta droga de documento?????? Respira, respira disse eu mentalmente.

A medida que ia saindo fui lendo o dito documento e não sei como dizer isso ... só posso dizer que se fosse um concurso a questão seria encontre as palavras correctas no texto. Querem tentar?


(Rasurei os meus dados e algumas informações... neste país há que ter medo... pois a liberdade de expressão é.....)

Saí de lá a correr na esperança de ainda tratar ou do BI ou da Carta de Condução. Ahahah que comédia. Esqueci-me que estava em Angola e que apesar das instituições fecharem as 15 horas, a partir das 12 horas ninguém lá está para atender. E assim foi um dia perdido. Só tratei das questões dos telefones e banco. Amanhã a aventura continuaria.

No dia seguinte rumei para a Aviação e Trânsito - outra Polícia, desta para tratar da Carta de Condução.

A televisão pelos vistos é um acessório na decoração dos escritórios, porque também nesta instituição encontrei uma TV, vá lá desta não estava no canal das novelas! Uma manhã perdida nesta instituição e saí de lá com a informação que não convinha conduzir com o recibo dado por esta instituição.

A minha pergunta é: num país onde não existem transportes públicos aceitáveis, com uma insegurança abismal como é que me iria deslocar para o meu local de trabalho que está a 20 Km da minha casa e no qual faço 1 hora nos melhores dias - sim 1 hora para 20 km!

Estou a conduzir assim, com o dito recibo, a cópia da carta e a dita declaração!!!

E nisso foi uma manhã... Já não trataria do BI nesse dia. Preferi então vir trabalhar.

No terceiro dia fui tratar do BI! Tive de levar com uma funcionária mal-educada e que mal se expressava em português, tive de respirar para não a lhe responder. Mas lá tenho o meu BI ... 

A terceira parte está para breve ... não percam a continuação desta minha aventura!

Até a próxima...




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