terça-feira, 1 de abril de 2014

Onde Para a Polícia? - Parte I (Os amigos do alheio)

Este post será em três partes porque não há como relatar tudo o que estou a viver em um só post...

O título faz lembrar um filme de Hollywood, verdade seja dita, mas é a pergunta que todo o cidadão faz sempre que é vítima de um assalto... eu o fiz, no meu ... já não me lembro quantos, digamos então ... mais recente assalto.

Neste passado sábado os amigos do alheio ou como jocosamente são chamados em Luanda, os donos dos meus bens fizeram-me uma visita, rápida e eficaz como sempre. Sim jocosamente assim chamados já que a solução é rir para não chorar de mais uma realidade "normal" da cidade de Luanda.

Ironia, pelo menos para mim, é que foi neste dia que aterrei em Luanda, após umas curtas mas maravilhosas férias em Lisboa (a minha outra cidade/casa, como gosto de dizer). Cheguei de manhã e dez horas depois tenho uma maravilhosa recepção de boas-vindas na nossa maravilhosa e sempre tão animada Luanda - a visita dos amigos do alheio.

Como foi, querem vocês saber ...e eu tenho a necessidade de contar, quiçá atenuará o pânico e frustração...


Estava a chegar a casa por volta das 20 horas e fico feliz por encontrar um lugar para estacionar a frente ao prédio. Por norma, tenho tendência em olhar para os retrovisores para ver se está alguém perto do carro antes de sair, mas estava cansada e distraída já que havia acabado de desligar um telefonema, saí do carro, tendo o cuidado de o trancar... (está difícil explicar o que se passou, porque só de lembrar o meu coração dispara).

Hoje quando penso, lembro que vi alguém a vir na minha direcção... mas como digo os reflexos estavam mais relaxados, quer seja pelo cansado quer porque ainda não havia alterado o "chip" para o modo unsafe city (cidade insegura). 

Recordo que não atravessei porque tinha um carro a passar o que me deteve junto ao carro. O que o meu "amigo do alheio" também se aproveitou tendo se aproximado de mim, apontado uma faca ao pescoço, parecida com esta:


Sim ... era enorme ... Não me recordo do que ele disse, muito menos da cara do ...(piiiiiiiiiii)... mas recordo-me de ter atirado a carteira para longe que continha: dois telemóveis, chave do carro, chave de casa, pasta com todos os documentos (BI, carta de Condução, Cartão de Saúde, Multibanco, Passe do serviço), 20 euros, algumas moedas, entre outras mais coisas ... e afastei-me em pânico...

O fi...... o meu amigo do alheio agarrou na pasta, subiu para uma mota onde estava o outro amigo, convenientemente parada a uns centímetros atrás e fugiu. Gritei para ele a pedir os documentos...mas o meu querido amigo mandou lixar e foi-se embora...já que afinal ganhou o dia...

Em pânico corri para casa, tendo entrado em casa aos gritos gritando coisas que aqui opto por não dizer... mas só posso dizer que me senti e sinto frustrada, decepcionada e ... com essa cidade.

Vim mais tarde a descobrir que um vizinho meu presenciou o ocorrido da sua janela e tão simpaticamente nem gritou nem porcaria nenhuma... haja humanidade nesta cidade...  (Rasuro em sinal de protesto pela atitude do mesmo...)

E assim a saga começou ... fui a polícia apresentar a dita queixa, ciente que nada seria feito, como é lógico... Fui atendida por um Graduado do Dia, muito atencioso, mas muito distraído, já que tive de repetir várias vezes a mesma informação. A minha queixa foi registado a mão em plena época digital, num livro semelhante a este:

E fui convidada a voltar na Segunda - feira para apanhar a declaração de extravio de documentos. De seguida o mesmo solicitou a alguns agentes para me acompanharem a casa, já que a chave do carro foi com o dono e era importante acautelar esta questão. Os agentes que me acompanharam ... ahahha vou falar por imagem e dizer que os agentes policiais também deveriam soprar para o balão:




Os mesmos acompanharam-me a casa e não fizeram nada de nada ... ficaram a olhar ahahha para o carro e a dar sugestões tais como pagar alguém para controlar o carro ... enfim estava entregue a mim mesma!!!

Na segunda dirigi-me a dita esquadra, com a urgência de ter a dita declaração e mais uma vez pude verificar que o ócio é amigo íntimo das instituições públicas / polícia. Encontrei os agentes e funcionários da secretária em posições de relaxe. Os mesmo tão carinhosamente me informaram que simplesmente não teria a declaração naquela esquadra, porque o chefe não assinava os documentos a segunda ... Fui convidada então para ir para uma outra. 

Nesta outra ao menos deram-me a declaração no mesmo dia... mas o que vi, a qualidade do atendimento, a postura quer dos agentes / oficiais assim como funcionários civis é inacreditável...e por isso e por tudo mais eu pergunto, onde para a polícia? Mas isso eu relatarei na continuação deste post....

Até a próxima....

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